Um estudo recente revelou um panorama desafiador para editores, apontando que o uso do ChatGPT e outras ferramentas de inteligência artificial para criação de conteúdo está afetando significativamente a dinâmica editorial e a percepção da qualidade textual. O levantamento, conduzido por pesquisadores da área de comunicação e tecnologia, analisou como as citações geradas pela IA têm sido incorporadas em diversos contextos e como isso impacta o trabalho de editores humanos.
A natureza das citações geradas pela IA
O ChatGPT, conhecido por sua capacidade de gerar textos coesos e bem estruturados, frequentemente cria citações que soam verossímeis, mas nem sempre são totalmente precisas ou verificáveis. Esse fenômeno, denominado “alucinação de IA”, ocorre quando a inteligência artificial produz informações que parecem plausíveis, mas que não têm base factual sólida. Para os editores, essa prática adiciona uma camada extra de trabalho: verificar cada dado gerado e distinguir o que é real do que é inventado.
No estudo, os pesquisadores analisaram centenas de textos gerados por IA contendo citações atribuídas a autores ou fontes específicas. Descobriu-se que uma parcela significativa dessas citações era imprecisa, incompleta ou completamente fictícia. “Embora o texto pareça confiável à primeira vista, editores precisam gastar um tempo considerável verificando a autenticidade de cada informação”, destacou um dos autores do estudo.
O impacto emocional e profissional sobre editores
Para muitos editores, lidar com o material gerado por IA tem sido uma experiência frustrante. O estudo revelou que mais de 70% dos entrevistados relataram sentimentos de exaustão e frustração ao trabalhar com textos que requerem extensa revisão para garantir a precisão. Muitos descreveram a experiência como “deprimente”, especialmente ao perceberem que, apesar do avanço tecnológico, a qualidade editorial ainda depende fortemente do esforço humano.
“O problema não é apenas corrigir erros óbvios, mas também identificar nuances que a IA não consegue capturar, como contexto histórico, tom adequado ou referências culturais”, explicou uma editora-chefe que participou do estudo. “Isso nos faz sentir como se estivéssemos constantemente corrigindo um trabalho mal feito.”
O futuro da interação entre IA e editores
Apesar das dificuldades apontadas, especialistas concordam que o uso da inteligência artificial na criação de conteúdo não deve ser descartado. Em vez disso, sugerem um modelo de colaboração mais eficaz entre humanos e máquinas. Treinamentos para editores e melhorias nos sistemas de IA são apontados como caminhos para reduzir os atritos e aumentar a produtividade.
“As ferramentas de IA têm potencial para serem grandes aliadas no processo editorial, mas precisam ser usadas com cautela e supervisão rigorosa. O ideal é que elas complementem o trabalho humano, em vez de substituí-lo”, afirmaram os pesquisadores.
Enquanto isso, editores continuam lidando com o paradoxo das ferramentas de inteligência artificial: tecnologias que prometem facilitar o trabalho, mas que, em sua aplicação prática, frequentemente acabam gerando novos desafios. O estudo serve como um alerta para a necessidade de maior atenção ao uso ético e responsável dessas ferramentas, tanto para preservar a qualidade editorial quanto para proteger a saúde mental dos profissionais envolvidos.