sábado, dezembro 28, 2024

Guerra na Ucrânia seria um teste difícil para o Gripen da Suécia, projetado para um combate com a Rússia que nunca aconteceu.

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### O Potencial do Gripen Suíço no Conflito Ucraniano: Uma Análise Abrangente

Recentemente, o caça Gripen, da fabricante sueca Saab, chamou a atenção no debate sobre o armamento a ser enviado à Ucrânia. Com uma concepção voltada para enfrentar potenciais ameaças russas, o Gripen é considerado uma opção interessante para a Ucrânia, especialmente em um cenário de confronto prolongado. Embora a Suécia tenha hesitado em oferecer seus caças até pouco tempo atrás, há uma crescente aceitação das implicações de tornar o Gripen parte do arsenal ucraniano.

#### O Contexto Histórico e Atual do Gripen

O Gripen, um caça de quarta geração, foi projetado no contexto do final da Guerra Fria, incorporando especificidades que visam a flexibilidade operacional, como a capacidade de operar a partir de estradas civis. Essa característica se mostra vantajosa em um conflito onde as infraestruturas militares são constantemente alvos de ataques. Apesar de nunca ter enfrentado diretamente as aeronaves de combate russas, o Gripen foi utilizado em missões de reconhecimento na Líbia em 2011, revelando seu potencial em cenários de combate, embora de forma limitada.

Tim Robinson, especialista em aviação militar da Royal Aeronautical Society do Reino Unido, destacou que o Gripen foi projetado com um enfoque em uma força aérea móvel e dispersa, adaptada para contrabalançar as ameaças russas. Segundo ele, a aeronave oferece um bom sistema de guerra eletrônica, uma característica vital para enfrentar as capacidades avançadas dos adversários.

#### Implicações para a Ucrânia e para a OTAN

A possibilidade de enviar Gripens para a Ucrânia não se limita apenas a fortalecer as capacidades aéreas do país, mas também fornece à OTAN uma oportunidade valiosa para avaliar o desempenho do caça em um ambiente de combate real. George Barros, especialista em guerra do Institute for the Study of War, observou que, apesar da escassez de combate aéreo direto, a experiência de combate do Gripen contra aviões russos poderia oferecer lições importantes para a OTAN como um todo.

Com a Suécia tendo se tornado membro da OTAN em março de 2023, a colaboração aumentada entre os países nórdicos e a aliança pode ser um fator crítico no fortalecimento das táticas e estratégias de defesa contra a Rússia. “A localização geográfica da Suécia e sua herança militar adaptada à ameaça russa são fatores que reforçam essa integração”, comentou Barros.

#### Benefícios para a Indústria de Defesa Sueca

O envio de Gripens à Ucrânia poderia também significar um impulso significativo para a indústria de defesa sueca. Michael Bohnert, da RAND Corporation, indicou que o fabricante Saab está atualmente em uma “competição global” no campo dos caças de quarta geração. “Uma boa performance do Gripen em um cenário de combate real pode ser um trunfo significativo para futuras vendas, especialmente contra concorrentes como França e Estados Unidos”, disse Bohnert.

Maj. Gen. Gordon ‘Skip’ Davis, ex-adjunto do secretário-geral da OTAN para investimentos em defesa, corroborou essa visão, afirmando que um desempenho positivo do Gripen em combate poderia ser decisivo para sua reputação internacional. “Dado o foco dos suecos na ameaça russa, não seria surpreendente ver o Gripen se destacando em um conflito real como o de Ucrânia”, adicionou.

#### Desafios e Considerações Finais

Entretanto, há desafios que precisam ser enfrentados. O Gripen possui componentes fabricados nos Estados Unidos, e isso pode significar que a aprovação do governo americano seria necessária para a entrega das aeronaves à Ucrânia, especialmente com a possibilidade de mudanças no governo dos EUA em 2024.

Além disso, especialistas como Peter Layton, do Griffith Asia Institute, alertam que, apesar das vantagens, a quantidade limitada de Gripens em operação em comparação com os F-16 pode complicar a logística de manutenção e suporte.

### Conclusão

O Gripen emerge como uma opção viável e estratégica para a Ucrânia, apresentando um equilíbrio entre requisitos operacionais e exigências do ambiente de combate contemporâneo. A sua adoção não apenas reforçaria a força aérea ucraniana, mas também se tornaria um experimento significativo para a OTAN, que busca entender melhor as capacidades de seus sistemas em um cenário de alta intensidade. Com os desafios políticos e logísticos que cercam esta questão, a expectativa é que, em algum momento, a Suécia finalmente decida alinhar-se a esta iniciativa, contribuindo para a resistência ucraniana e suas próprias aspirações de segurança coletiva na Europa.

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